quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Matéria da Revista Caros Amigos

17/11/2010


"Guerra ao tráfico" maquia guerra aos pobres

Por Luciana Araujo

O Brasil tem hoje quase 500 mil presos amontoados em menos de 300 mil vagas. Entre os detentos, 60% são negros, 58% têm entre 18 e 29 anos e 44% ainda aguardam julgamento (são presos provisórios). Quase 58 mil pessoas cumprem pena em delegacias. Somos a terceira maior população carcerária do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China.

Uma análise do perfil da população carcerária evidencia o que o juiz Juarez Cirino dos Santos qualificou de “encarceramento em massa da pobreza” durante o seminário “Encarceramento em massa: símbolo do Estado penal”. Promovido pelo Tribunal Popular – articulação de entidades defensoras dos direitos humanos. O seminário aconteceu no salão nobre da Faculdade de Direito da USP entre os dais 7 e 9 de dezembro.

Nos últimos dias, a espetacularização das ações policiais no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, fez recrudescer a banalização desta realidade de violência e criminalização contra os pobres. Parcela importante da sociedade novamente esqueceu que cenas como as protagonizadas desde o dia 21 de novembro nas comunidades cariocas são a repetição de outro macabro espetáculo do gênero produzido pela mesma polícia, sob ordens do mesmo governador e do mesmo secretário de Segurança Pública, no mesmo Alemão.

A mega-operação de 2007 que resultou em 19 mortos e 13 feridos num só dia, entre eles um bebê. Ao longo dos meses o número de mortos foi crescendo. E o narcotráfico? Bom, esse continua dominando as comunidades. Financiado por gente que não passa nem perto do morro e corre quase nenhum risco de ser atingido por uma bala disparada a esmo. E amparado pelo poder de seus tentáculos dentro do aparelho do Estado.

Neste ano, a polícia se recusa a divulgar o número de mortos antes do dia 25 de novembro. Outras comunidades vêm sendo ocupadas militarmente sem que isso sequer seja divulgado como parte das operações. Crescem as denúncias de abusos e roubos praticados por agentes do Estado.

As UPPs – prometidas pela presidenta eleita como política nacional de segurança pública – mais uma vez levam às comunidades apenas o braço armado do Estado. Além de estarem projetadas estrategicamente no corredor turístico-cultural do Rio.

Aos defensores dos direitos humanos, parte da classe média e os reacionários de plantão lançam a acusação de que são defensores de “bandidos”. Mas ao que conste, a Constituição brasileira estabelece que ninguém pode ser submetido a tortura ou tratamento humano degradante. A Constituição Federal não costuma valer muito dentro do sistema penal brasileiro, que não tem nenhuma possibilidade de ressocializar os presos, incentiva a corrupção e funciona à margem da legalidade em muitos casos. Tornaram-se parte da nossa realidade o encarceramento em massa, revistas íntimas arbitrárias, inclusive em bebês, e confrontos armados em favelas e periferias.

Na esteira da histeria, mudanças na legislação são aprovadas a toque de caixa, e sempre numa perspectiva de endurecimento das penas. Nenhuma lei sobre a reforma agrária, investimento maciço na geração de empregos, valorização e qualificação dos policiais. Aliás, ao invés de aprovar a PEC que estabelece o piso salarial para policiais militares e bombeiros, os nobres deputados preferiram aprovar um reajuste de 61,83% nos próprios salários. Num país em que o salário mínimo estipulado para 2011 não deve passar a barreira dos 540 reais.

Luciana Araujo é jornalista.

domingo, 24 de outubro de 2010

A Geografia do aborto

http://veja.abril.com.br/280109/popup_especial.html

Aborto, a realidade dos consultórios

Especial

A realidade dos consultórios

Enquanto as questões éticas, religiosas e científicas ficam
sem resposta, mais médicos brasileiros optam por ajudar suas
pacientes decididas a interromper uma gravidez indesejada


Adriana Dias Lopes


Em um mundo ideal, o aumento da eficiência, a diminuição do custo e a facilidade de acesso aos métodos anticoncepcionais femininos e masculinos poderiam ter reduzido o aborto no Brasil a sua dimensão puramente médica. Ele seria praticado apenas para salvar a vida da mãe ou na circunstância de o feto que ela carrega no útero ter sido gerado por estupro ou ser inviável, por um defeito grave de formação. Mas não existe o mundo ideal. O aborto continua sendo um dilema social, humano, jurídico e um risco para a saúde de quase 1 milhão de mulheres brasileiras todos os anos. Essa questão, sem solução unânime no campo religioso (quando o feto passa a ter alma?) e no científico (quando a vida começa?), vem sendo encarada no dia-a-dia dos consultórios. Tem crescido o número de médicos que, diante da irredutibilidade das pacientes em abortar, consideram seu dever profissional ajudá-las a enfrentar da melhor maneira possível as consequências da decisão. Essa atitude deriva da filosofia da redução de danos já adotada antes em alguns países para proteger a vida de usuários de drogas pesadas que não conseguem se livrar do vício. Diz o obstetra Osmar Ribeiro Colás, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp): "Não posso interromper uma gestação, mas tenho o dever ético de explicar a minha paciente quais são os métodos abortivos e, depois, se necessário, acudi-la".

O Brasil tem cerca de 18.000 ginecologistas. São pouco confiáveis as estatísticas de quantos se tornaram adeptos da filosofia de redução de danos para pacientes dispostas a desafiar a lei brasileira e se submeter a um aborto. O certo é que há vinte anos era raro achar um médico que discutisse essa questão e impossível encontrar outro que admitisse essa abordagem em sua prática médica. Hoje não só se debate livremente a questão do ponto de vista teórico como muitos, a exemplo do doutor Osmar Colás, admitem publicamente que não deixariam sem assistência uma paciente apenas porque ela decidiu abortar.
Fotos Fabiano Accorsi

"Quando uma mulher está decidida a fazer um aborto, não há quem a faça mudar de ideia. É uma decisão muito pessoal. E, ao longo da carreira, aprendi que não posso ser médico apenas nas horas boas. Se minha paciente não quer levar a gestação adiante, eu devo orientá-la sobre a maneira mais segura de fazer isso. Não posso deixá-la desamparada, sob o risco de sofrer as consequências de um aborto malfeito."
Malcolm Montgomery
Ginecologista do Hospital Albert Einstein

Sem muita precisão, os especialistas acreditam que chegue a 1 milhão o número de abortos realizados anualmente no Brasil de modo clandestino. As complicações decorrentes de abortos malfeitos, sem condições de higiene ou segurança, representam a quarta causa de morte materna, atingindo cerca de 200 mulheres. O cenário foi bem pior em um passado não muito distante. Na década de 80, os abortos clandestinos podem ter chegado a 4 milhões por ano. Vários fatores se combinaram para reduzir esse número. Os mais efetivos foram o aperfeiçoamento dos métodos anticoncepcionais e a disseminação no país de políticas de planejamento familiar. Desde 2002, o Ministério da Saúde distribui por sua rede capilar de atendimento a chamada "pílula do dia seguinte" – que contém uma substância capaz de impedir a fixação do óvulo no útero, provocando, consequentemente, sua expulsão pelo organismo feminino. Só a pílula do dia seguinte pode ter diminuído em 30% o número de abortos clandestinos no Brasil. A adoção da redução de danos por um número maior de médicos poderia derrubar ainda mais essa curva nos próximos anos.

Tal conduta prevê basicamente a adoção de duas medidas. O médico indica à sua paciente uma clínica clandestina onde ela pode fazer o aborto ou ele mesmo a orienta sobre como usar as pílulas abortivas. O medicamento mais utilizado para esse fim é o misoprostol, vendido sob o nome comercial de Cytotec. Lançado inicialmente na década de 80 para o tratamento de úlcera, descobriu-se logo que o Cytotec provoca contrações uterinas. Pelo risco que oferece às grávidas, no Brasil o misoprostol só pode ser usado por hospitais credenciados. Nem os médicos nem, menos ainda, suas pacientes podem, portanto, ter acesso legal à substância. "Há inúmeros sites na internet que vendem o remédio", diz o médico Colás. Um dos meios mais utilizados pelas brasileiras é a compra do misoprostol por intermédio da ONG holandesa Women on Web. Feito o pedido, a pílula é entregue em até três semanas pelo correio, por 70 euros. O site tem instruções em sete idiomas, incluindo o português. A maioria dos ginecologistas recomenda a internação da mulher ao primeiro sinal de sangramento. Ela dá entrada no pronto-socorro como se fosse vítima de um aborto espontâneo e a partir daí recebe atendimento. Quando a paciente não quer ser hospitalizada, os médicos sugerem que a mulher se submeta a um exame de ultrassom para se certificar de que todo o material embrionário foi expelido. Pela letra fria da lei brasileira, todo o procedimento narrado neste parágrafo pode ser descrito como criminoso. Ele seria visto como pecado ao juízo das convicções religiosas de muitas pessoas. O espantoso, nesse caso, é que, apesar das imposições legais e das restrições ético-religiosas, médicos e pacientes se sintam eticamente autorizados a discutir e a praticar procedimentos que levem ao aborto.


"Se uma paciente chega a meu consultório querendo interromper a gravidez, eu sou categórico: ‘Não faço’. Mas também não deixo que ela saia de lá sem estar devidamente informada sobre os métodos mais seguros de abortamento. É meu dever ainda acompanhá-la depois do aborto e, se necessário, acudi-la em qualquer maternidade de ponta."
Osmar Ribeiro Colás
Obstetra da Universidade Federal de São Paulo

A fonoaudióloga mineira Larissa P., de 28 anos, e seu médico não tiveram muitas dúvidas quando colocados diante dessa questão. Larissa engravidou durante uma relação casual há dois anos. Como sua menstruação sempre foi muito irregular, só se deu conta da gravidez indesejada dois meses depois. Lembra ela: "Logo que descobri, procurei meu médico, e ele me sugeriu o Cytotec. Como sempre tive horror a hospital, preferi usar a pílula em casa". O médico explicou-lhe como seriam os sintomas, e ela controlou bem a ansiedade: "Foi tudo sem nenhum susto, exatamente como meu ginecologista havia descrito. Em seis horas, estava tudo resolvido. No dia seguinte fui ao consultório fazer um ultrassom para ter certeza de que estava tudo bem".

A filosofia da redução de danos para o aborto surgiu no início dos anos 2000, no Uruguai, país com leis tão rígidas quanto as do Brasil. A medida é incentivada pelo governo federal uruguaio. Diz o ginecologista Aníbal Faúndes, do Centro de Pesquisas em Saúde Reprodutiva, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp): "Antes da adoção do programa, o aborto ilegal era responsável por 35% das mortes maternas no Uruguai. Hoje, a taxa de mortalidade em decorrência de abortos malfeitos é de 20%". Há um mês, Campinas se transformou na primeira cidade brasileira a aprovar um projeto de redução de danos nos postos de saúde e hospitais municipais. Existe uma diferença crucial entre o programa uruguaio e o de Campinas. O médico brasileiro só está autorizado a orientar as pacientes em "processo de abortamento" ou depois de o aborto ter sido concluído. Existem basicamente dois motivos para a mudança de comportamento dos médicos em favor da redução de danos. O assunto saiu da sombra. O ministro da Saúde, José Temporão, já defendeu inúmeras vezes a necessidade de um debate público sobre a legalização da prática. No ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) deu início aos debates sobre a legalização da interrupção da gravidez de fetos anencéfalos e, pouco mais de um mês atrás, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, aprovou a criação da CPI do Aborto com o objetivo de investigar as práticas ilegais de interrupção da gravidez no Brasil. Os parlamentares não familiarizados com a realidade vão se espantar com a extensão do fenômeno e, se forem fundo na investigação, poderão deparar com algumas surpresas – entre elas, o fato de que muitas das clínicas são bem aparelhadas, com pessoal médico multidisciplinar e bem treinado. A administradora de empresas Denise Silva, de 43 anos, valeu-se dos serviços de uma dessas clínicas em 2002, quando, por descuido, engravidou do namorado (hoje, marido). Conta ela: "Foi tudo muito rápido e simples".


"Eu tinha apenas 17 anos, era recém-casada e começava a despontar como modelo, quando engravidei. Sonhava em ser mãe. Sempre fui contra a liberação do aborto, mas não podia levar aquela gravidez adiante. Eu era responsável pelo sustento de toda a minha família. Não sofri nenhum dano físico, mas carregarei para sempre as marcas psicológicas daquele aborto."
Luiza Brunet, 46 anos
Modelo e empresária

No Poder Judiciário, a questão começa aos poucos a ser discutida com mais desassombro. Nos últimos cinco anos, foram concedidos 3.000 alvarás judiciários para suspensão da gravidez em casos de má-formação fetal, especialmente anencefalia. É o dobro das liberações no mesmo período no início da década de 90 e representa 80% de todas as gestações de fetos anencéfalos. Em 26 de novembro de 2006, a operadora de telemarketing Adriane Caldeira, de 21 anos, foi uma das beneficiadas dos alvarás. Diz ela: "Não tive o menor problema em conseguir a autorização. O problema mesmo foi decidir abortar, pois era uma gravidez planejada – o nosso primeiro filho". Mas Adriane sabia que seu filho não teria nenhuma chance de sobrevivência e, apesar do sofrimento, interrompeu a gravidez. Por mais que a mulher esteja determinada e certa de sua decisão, optar por um aborto é sempre devastador. Ninguém que já tenha vivido a situação relata a experiência com a tranquilidade de quem acabou de dar um passeio no shopping. Não é simples nem nos casos em que a gravidez é resultado de uma agressão, como aconteceu com Luciane L., de 25 anos. Vítima de um estupro no ano passado, depois de vários meses de terapia ela aprendeu a lidar com a lembrança da violência, mas não consegue apagar da memória a confusão emocional que sentiu quando acordou da anestesia, depois do aborto.

Por mais que os médicos se rendam às demandas de suas pacientes e por mais que a legislação avance, a interrupção do processo de criação de uma vida humana nunca será de fácil compreensão intelectual ou emocionalmente simples. O médico Yaron Hameiry, ginecologista do Hospital Pérola Byington, em São Paulo, reflete bem essa situação: "Não posso ser juiz de uma vida que vai se formar. Seja qual for a circunstância em que o feto foi concebido, eu não posso ser juiz da vida alheia". Esse é um dilema que o ginecologista Jorge Andalaft, da Casa de Saúde da Mulher, da Unifesp, enfrentou em cada um dos 400 abortos legais que já fez, prática da qual é pioneiro no Brasil. Diz ele: "Todas as vezes, sem exceção, sinto uma pequena angústia de imaginar que estou tirando uma vida em potencial. Mas não cabe a mim julgar; a decisão foi da paciente, e ela deve ser respeitada".


"Eu já fiz cerca de 400 abortos legais. Nunca uma história é igual a outra. Uma das que mais me tocaram foi a de uma mulher de 42 anos, separada, grávida em decorrência de um estupro. Aquela seria provavelmente sua última chance de ter um filho. No dia da cirurgia, porém, com a sala já preparada, ela me disse, chorando, que estava em dúvida. Mandei-a para casa para pensar. Dez dias depois, ela voltou decidida e o aborto foi realizado."
Jorge Andalaft
Ginecologista da Casa de Saúde da Mulher, da Universidade Federal de São Paulo

A discussão de quando se inicia a vida é interminável. Mesmo que a ciência consiga um dia definir esse momento com precisão, os debates não cessarão. Parece óbvio e natural que, a partir do momento em que um óvulo é fecundado por um espermatozoide, uma vida em potencial começa a se desenvolver. Mas que potencial existe caso esse óvulo fertilizado não venha sequer a se fixar no útero? "Essa polêmica é infrutífera, pois o aborto sempre existirá, independentemente de qualquer conclusão científica, dogma religioso ou convicção ética. O aborto é acima de tudo uma questão de foro íntimo, uma decisão exclusivamente pessoal da mulher", teoriza Thomaz Gollop, ginecologista e professor de genética médica da Universidade de São Paulo. Aos 46 anos, a empresária e modelo Luiza Brunet não consegue esquecer o aborto feito aos 17 anos. Era o início de sua carreira, de seu primeiro casamento, e ela não se sentia preparada para ter um filho. Luiza diz que é "contra o aborto". Seu caso ilustra a imensa complexidade da questão. Ser simples, acessível, seguro e legal não torna o aborto mais aceitável para as pessoas que o rejeitam. Ao contrário, torna-o ainda mais monstruoso ao juízo delas. Prova disso é o fato de que as discussões nos países onde a prática foi liberada nunca serenam – a cada dia elas são mais violentas. Coloque-se na pele de uma pessoa que acha o aborto, em qualquer fase da gestação e por qualquer motivo, igual a matar alguém, e uma visão do abismo que separa as convicções opostas nesse assunto começará a se abrir sob seus pés.

"No ano passado, fui estuprada e engravidei. Quando descobri que estava grávida, senti muita raiva. Jamais conseguiria conviver com aquela criança. Mas eu não consigo me recordar do dia do aborto com total alívio. Lembro do ‘boa sorte’ da enfermeira antes da cirurgia e do momento em que acordei na sala de recuperação. Era uma confusão tão grande de sentimentos!"
Luciane L., 25 anos
Vendedora




"A minha gravidez foi muito desejada. Era nosso primeiro filho. Na consulta do primeiro ultrassom, estávamos ansiosos para saber o sexo. No momento em que o médico começou a explicar que meu filho era anencéfalo, as palavras se embaralharam na minha cabeça. Ele só podia estar errado. Na segunda consulta, veio a confirmação. Eu não tinha opção. Não conviveria mais do que alguns dias com meu filho."
Adriane Caldeira, 21 anos
Operadora de telemarketing



"Em 2002, engravidei por descuido. Eu ainda morava com minha mãe e estava desempregada. Não era hora de ter um filho. A decisão de interromper a gestação foi tomada com muita racionalidade. Nem cheguei a me sentir grávida. Foi fácil achar uma clínica segura, segui a orientação do meu médico. Lá, fui tratada como se estivesse fazendo um exame laboratorial. Foi tudo muito simples."
Denise Silva, 43 anos
Administradora de empresas




"Eu não me sinto à vontade nem para indicar um especialista nem para orientar uma paciente que queira interromper a gestação sobre como usar medicamentos abortivos. Fazer isso é o mesmo que praticar o aborto. Seja qual for a circunstância em que o feto tenha sido concebido, não posso ser juiz de uma vida em potencial. É esse mesmo raciocínio que me faz ser contra a pena de morte e a eutanásia."
Yaron Hameiry
Ginecologista do Hospital Pérola Byington, em São Paulo



A voz da Justiça não cala a das ruas

Não há decisão jurídica, por mais douta, nobre e competente, capaz de colocar para dormir as controvérsias levantadas pela questão do aborto. A melhor evidência disso é a inquietação que sobreveio à decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos, de 22 de janeiro de 1973, que tirou do estado o direito de opinar sobre a decisão de uma mulher de abortar até o fim do primeiro trimestre de gestação. A decisão dividiu os Estados Unidos, e esse abismo se aprofunda a cada ano. Uma dezena de desafios formais à decisão chegou à Suprema Corte nos 36 anos de sua vigência. Essas contestações se dividiram em três principais argumentos: o direito do feto à vida, à herança familiar e, por fim, a supremacia de Deus sobre qualquer decisão humana. Em todas elas, os juízes interpretaram que a autonomia da gestante continuava sendo o bem primordial a ser preservado. "A compreensão de que o direito constitucional à individualidade engloba o direito de manter ou não uma gravidez é uma argumentação objetiva e inteligente", analisa Marco Aurélio Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

A decisão da Suprema Corte americana ficou famosa com o nome de Roe vs Wade. Roe vem de Jane Roe, nome fictício de Norma McCorvey. Wade era o funcionário estadual encarregado de coibir o aborto. Grávida aos 22 anos, Norma encabeçou uma ação contra o estado do Texas, onde morava e o aborto era proibido. O pedido foi negado e o caso subiu à Suprema Corte. A decisão levou treze meses para ser concluída. McCorvey então teve o bebê, mas deu a criança para adoção. Para relatar o caso, o presidente da Suprema Corte escolheu o juiz Harry Blackmun, conhecido por ser um redator lento e obsessivamente meticuloso na execução de seus despachos. Blackmun fez um dos mais abrangentes estudos médicos, religiosos e históricos sobre o aborto de que se tem notícia. Não demorou para ele entender que desses campos do conhecimento não brotaria nenhuma decisão sustentável – o aborto é questão inabordável para a maioria das religiões e os cientistas nunca vão ser unânimes em torno do momento preciso em que surge uma vida nova no processo de concepção. Blackmun viu que o único caminho para dar uma resposta satisfatória ao caso seria buscar, em decisões precedentes da Corte, aquelas que tratassem dos limites entre o direito individual e o direito da coletividade, por meio da ação do estado. Ele concluiu que interromper a gravidez até o terceiro mês é uma decisão individual da mulher. A decisão pró-aborto foi aprovada por 7 votos a 2.

Recentemente, coube ao STF discutir pela primeira vez em sua história o tema do aborto no Brasil. A ação em análise consistiu na interrupção da gravidez em caso de anencefalia do feto, uma deformação em geral fatal nos primeiros dias de vida do bebê. A argumentação teve como base o princípio de que não há perspectiva de vida fora do útero materno. No ano passado, os onze ministros ouviram a opinião de representantes de entidades pró e contra o aborto em audiências públicas. O julgamento está previsto para ocorrer nos próximos meses. Sobre a decisão, só se sabe que ela atrai intelectualmente os ministros brasileiros do STF e que será contestada no dia seguinte, seja qual for sua orientação.
PUBLICADO PELA REVISTA VEJA, EDIÇÃO 2097, DO DIA 28 DE JANEIRO DE 2009.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

17/06/2010 - Fonte: Correio Braziliense
Pesquisa comprova eficiência das cotas na UnB


Estudo revela que a diferença no desempenho entre os cotistas e os não beneficiados pelo sistema é menor do que a verificada entre mulheres e homens
Ariadne Sakkis

Luísa Medeiros

Uma pesquisa que analisou o sistema de cotas antes e depois de ser implantando, no segundo semestre de 2004 na Universidade de Brasília, mostrou que comparado a outras políticas de acesso do negro ao ensino superior — que levam em consideração a renda familiar ou o histórico escolar — é o mais eficiente para promover a diversificação de raças dentro da universidade. O acesso à universidade representou também um incentivo à identidade racial, fazendo com que os candidatos e alunos assumam a identidade étnica com mais naturalidade. O estudo revelou ainda que, em relação ao desempenho escolar, a diferença nas notas dos cotistas e não cotistas é menor do que a verificada entre mulheres e homens.

A pesquisa foi iniciada há três anos pelos professores Maria Eduarda Tannuri-Pianto, do Departamento de Economia da UnB, e Andrew Francis, da Emory University, dos Estados Unidos. Os dados divulgados referem-se à primeira parte do estudo, que entrevistou, entre 2002 e 2005, 3 mil alunos cotistas e não cotistas, um universo que corresponde a 40% dos estudantes da UnB nesse período. Os professores pretendem acompanhar os universitários até o ingresso deles no mercado de trabalho. Dados pessoais e familiares foram levantados, mas as questões raciais foram mascaradas dentro dos questionários para fazer um mapeamento dos alunos sem interferências de comportamento e de oportunistas.

De acordo com Maria Eduarda, muitos dos alunos cotistas, de diferentes áreas de graduação, passariam no vestibular convencional porque estão acima das notas de corte do sistema universal. O desempenho deles na universidade, entretanto, é um pouco menor do que a de alunos que ingressaram pelo meio tradicional, mas no decorrer no curso, essa diferença é mitigada.

Em uma escala de zero a cinco, os cotistas têm desempenho 0.14 ponto inferior aos nãocotistas. “A diferença da média geral acumulada é menor do que a comparação entre homens e mulheres”, destacou ela. Se comparar o desempenho de cotista e não-cotista com a mesma nota de entrada no vestibular, a diferença é ainda menor. A diferença cai para 0,08 ponto numa escala de zero a cinco. A pesquisa não mostrou evidências de que houve aumento no esforço para passar pelo sistema de cotas, mas nem trouxe dados que comprovem a redução. “Isso mostra que eles não fizeram corpo mole porque tinham chance reais de passar”, diz a pesquisadora

Igualdade
O professor do Instituto de Artes e coordenador do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros da UnB Nelson Inocêncio afirma que o resultado preliminar da pesquisa mostra que a política de implantar as cota está correta. “O discurso de uma possível queda de qualidade do desempenho dos alunos caiu por terra”, diz. Para o professor, quem criticou as cotas raciais fizeram uma presunção negativa que não se confirmou. “É preciso investir mais nas políticas de diversidade. Não adianta afirmar, de maneira enganosa, que as oportunidades são as mesmas.”

Os alunos da UnB encararam o resultado da pesquisa como um confirmação do que eles já sabiam. Johnatan Reis, 20 anos, entrou para o curso de serviço social no ano passado por meio do sistema de cotas. “Quando a gente entra, a matéria e as aulas que temos são as mesmas dos não cotistas. Tenho que fazer o mesmo esforço para passar. O quanto estudei no ensino médio ou a minha nota no vestibular não interessam”, analisa. Para ele, apesar dos resultados equivalentes, os cotistas ainda são estigmatizados. “Muitas pessoas ainda pensam que a nota inferior no vestibular vai se perpetuar ao longo da vida acadêmica do cotista, o que a própria pesquisa desmente”, diz.

Johnatan acredita que o sistema de cotas continua sendo necessário como um mecanismo de inclusão social e racial. “Acho que as cotas são um incentivo para que o negro entre na universidade e para que a sociedade tenha mais profissionais negros. O impulso foi dado e daí para a frente, não importa a cor da pele de um aluno ou a forma pela qual ele entrou.”

Linikker Araújo Conrado, colega de turma de Johnatan, é contrário ao sistema de cotas raciais. Para ele, essa alternativa “nasceu caduca”. Mesmo sendo negro, ele ingressou na UnB pelo sistema universal e defende as cotas sociais, por entender que é um modelo mais abrangente, que beneficiaria um número maior de pessoas que não tiveram oportunidades. “A pesquisa prova que cor não faz a menor diferença”, afirma Linikker.

Pedro Paulo Mendes, 22 anos, estudante de engenharia de redes, compartilha do mesmo entendimento de Johnatan. “Vai mais da pessoa do que da raça. É uma questão de inteligência e de dedicação”, afirma. “Esse estudo mostra que os dois têm capacidades iguais. Mas acho que as cotas são fundamentais para a inclusão social. E, no futuro, haverá igualdade e elas não serão mais necessárias”, projeta.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Associação Atlética Brás Cubas & Macunaíma Futebol Clube selam acordo: RUMO A 2014!

Por Luiz Ricardo Leitão



Se algum demiurgo burlesco convertesse os maiores ícones da malandragem de nossas letras em patronos de agremiações esportivas, os novos clubes decerto arrebanhariam inúmeros sócios entre as elites de Bruzundanga. Não é difícil prever que a fração secular da burguesia tropical que até hoje se comporta como herdeira de Brás Cubas (aquele defunto-autor cujas memórias foram dedicadas ao verme que pela primeira vez lhe roeu as frias carnes do cadáver) logo assumiria a direção da briosa entidade, ao passo que o grupo mais arrivista e solerte não hesitaria em eleger o Conselho Deliberativo do Macunaíma Futebol Clube (uma homenagem ao herói sem nenhum caráter que, com sua ambiguidade, mimetiza o mote da identidade nacional – esse velho fantasma que h á muito assusta a intelligentsia da colônia).

Os sócios da Associação Atlética Brás Cubas até hoje preservam os costumes do seu protetor: gostam de zombar do povo com a mesma desfaçatez que o narrador de Machado de Assis reservava aos leitores e jamais se preocupam em honrar as promessas que, com rara grandiloquência e cinismo, enunciam na vida pública, fazendo corar até o defunto-senador Collor de Melo. Já os associados do Macunaíma F. C. são meros aprendizes na arte da maracutaia, que, apesar de sua eventual esperteza e picardia, se tornam o mais das vezes peças muito úteis para a execução das grandes ‘jogadas’ do capital nestas plagas. Tão preguiçosos e manhosos quanto o patrono, eles se deitam em berço esplêndido, sonhando em viver nas Oropas; à falta de saúva s, divertem-se decepando salários dos tapuias, mas, quando põem os olhos em dinheiro, se movem com extrema rapidez para dandar vintém...

A face mais óbvia da moeda

O Sr. Ricardo Teixeira, que desde 1989 segue à frente da CBF, seria um nome perfeito para a presidência honorária do clube. Há anos sua figura se associa às mais escusas negociatas do “país do futebol”: afilhado do todo-poderoso João Havelange (capo mor da FIFA de 1976 a 1998), com cuja filha esteve casado até 1997, Teixeira aprimorou-se na grande arte de mudar para não mudar (traço essencial da modernização sem ruptura nesta via periférica de capitalismo), sobrevivendo sem maiores sequelas aos inúmeros escândalos que colecionou na CBF. Após uma falida incursão pelo mercado financeiro (em sociedade com o próprio sogro, o pai e um irmão), ele fez da entidade seu balcão preferencial de negócios e, por isso, teve de responder a sucessi vas denúncias de nepotismo e corrupção, que incluem convocações para duas CPIs no Congresso (a do Futebol e a da CBF-Nike) e investigações da Receita por omissão de declarações de rendimentos nos anos 90, além da importação irregular de equipamentos para a choperia El Turf, no Rio de Janeiro, depois da Copa de 94 e do histórico voo da muamba.

Enquanto a mídia da província e a nebulosa opinião pública debatem acirradamente quais são os “culpados” pela precoce eliminação dos soldadinhos de Dunga na África, especulando a todo vapor sobre o nome e o perfil (liberal ou disciplinador / discreto ou midiático?) do futuro técnico da seleção, o ambicioso “Rico” Terra porta-se como uma eminência parda em terras da Mãe África. Pouco importa se o time que ele representa já foi embora, amargando a segunda pior campanha desde a Copa de 90: 2014 já está logo ali, bem ao alcance dos consórcios e empresas que operam o futebol, sem dúvida a mais valiosa mercadoria da sociedade espetacular pós-moderna. Não é à toa que o Sr. Rico, há 21 anos no cargo, agora se apressa em pregar renovação (obviamente, só para o time e o técnico), sob a cúmplice chancela da TV Globo, a emissora ‘oficial’ da festa. De fato, há muito a faturar com a próxima Copa...

Que o diga a onipotente FIFA, que somente pelos direitos de transmissão do Mundial 2010 recebeu das redes televisivas a bagatela de 2,5 bilhões de dólares, mais que o dobro do que se pagou há quatro anos na Copa da Alemanha. O evento da África, aliás, parece ter sido o ápice da gestão mafiosa e Blatter & Cia: com cotas mínimas de US$ 240 milhões para cada sponsor (patrocinador, na língua do capital), logrou uma arrecadação total não inferior a US$ 3,4 bilhões, dos quais ‘míseros’ 30 milhões são destinados ao campeão do torneio. Graças à ‘magia da bola’, em meio a rumorosos casos de corrupção, suborno, compra de votos e desvio de ingressos (vale a pena ler o livro do jornalista esportivo Andrew Jenning s, ainda inédito no Brasil, Foul! The secret World of FIFA), cresce o faturamento da entidade, que em 2009 obteve uma receita de US$ 1,059 bilhão, ao passo que os grandes clubes europeus acumulam centenas de milhões em dívidas (o deficit de Manchester United e Real Madri supera US$ 800 milhões!).

Cá na terrinha, Brás Cubas e Macunaíma já selaram seu acordo rumo a 2014. A Copa promete, sem dúvida, lucros fabulosos para as entidades promotoras e, como sempre, despesas infindáveis para o poder público, como bem o sabe a África do Sul, que continuará a pagar cifras astronômicas para custear o torneio (R$ 2,92 bilhões pelos estádios + 3,32 bi em transporte + 325 milhões por segurança, segundo informa o Ministério das Finanças de lá). Não é difícil prever o destino da tão decantada parceria público-privada (PPP), a fórmula mágica com a qual a tchurma de Teixeira justificou às nossas ‘autoridades’ o financiamento do convescote. A atual previsão de gastos para o evento em Bruzundanga já gir a em torno de R$ 17 bilhões (estádios + transporte + infraestrutura urbana), além de R$ 5 bi para os aeroportos, um valor total duas vezes maior do que a despesa sul-africana. Quem pagará essa conta, Dilma?

A outra face imponderável do (vil) metal

Em meio às expectativas pela partilha dos contratos, há surdas e renhidas disputas políticas em jogo, como a sinuosa definição do estádio de abertura da Copa, um imbróglio de que participam desde os tucanos e demos paulistas até os aliados do Sr. “Rico”. O cenário, sem dúvida, é de dar dó: quando vejo Orlando Silva, Sérgio Cabral e outras sorridentes criaturas na telinha, logo ponho a mão no bolso, ciente do que nos aguarda. Depois de décadas de infortúnio com os governos do PMDB, desde o casal Little Rose & Little Boy até o atual Playboy, o Rio arcará com mais essa conta. Não faltarão, decerto, confete e serpentina para o carnaval de inverno, enquanto os professores permanecem há nove anos sem reajuste, com salários me nsais de R$ 540,00 (culpa dos royalties do pré-sal!, diz o playboy), e o nível do ensino médio no estado disputa com Sergipe o último lugar no país (cf. os dados do IDEB 2009).

Contudo, ao contrário de alguns pares, desanimados com a pífia atuação dos canarinhos e com a enxurrada de maracutaias que se anuncia, vislumbro nos fatos mais recentes alguns sinais auspiciosos para o futuro. Não me incomoda o fascínio da pelota: nascido em um pacato subúrbio carioca e criado desde os dez anos na Vila de Noel, o futebol representa a primeira paixão de minha vida. Socializei-me nas peladas de rua e desde cedo me encantei com as artimanhas do jogo. Militante clandestino na luta contra o regime militar e torcedor do Botafogo de João Saldanha, Afonsinho e Paulo César Caju, jamais dissociei a política do futebol. Os embates que esses craques sustentaram contra os ‘donos da bola’ me ensinaram precocemente que nem tudo deve ser conformismo nas manifestações da cultura popula r.

Por conta disso, escrevi esta semana em uma crônica que, apesar da Jabulani e do famigerado padrão toyotista do “futebol de resultados”, nem tudo é motivo para pessimismo no planeta-bola. A Copa da África, em especial, suscitou um intenso debate acerca das relações sociais e mercantis que gravitam ao redor do bilionário espetáculo. Até as mazelas desta era pós-moderna e biocibernética do capital nos foram expostas, como atesta o total desequilíbrio da França de Raymond Domenech, retrato da fratura étnica e social do país, onde a imigração pós-colonial africana assusta a ‘elegante’ burguesia e acirra as reações racistas dos torcedores, que, três dias após o vexame na África, invadiram a sede da Federação para exigir “uma seleção branca e cristã”, sem nenhum atleta negro ou muçulmano.

O próprio duelo entre Dunga e a mídia nos ensejou uma rara chance de refletir sobre o estágio em que se encontra a civilização de Bruzundanga, onde os atos de truculência e destempero são uma súmula irretocável do comportamento que as elites da colônia cultivam há séculos, hoje disseminado pelo conjunto da classe média e já visível em vários estratos populares. A turma de Brás Cubas e Macunaíma também não se esqueceu de destilar seu ódio de classe contra os vizinhos do Mercosul, mas, ao menos desta vez, o tiro parece ter saído pela culatra, como se viu na tosca matéria do Sportv sobre o Paraguai, tachado de “paraíso obscuro do mundo” pelo canal – a agressão, similar àquela que o tucano Serra fez à Bolívia de Evo Morales, gerou reação indignadas do público e um inédito pedido de desculpas ao vivo.

Malgrado o sucesso dos europeus, a Pátria Grande terá sido, afinal, a grande personagem da primeira Copa em solo africano. Além de belos gestos de fair-play dos atletas, atos como o apoio dos argentinos à indicação das Avós da Plaza de Mayo para o Nobel da Paz, ou a singela iniciativa uruguaia de firmar um acordo de intercâmbio técnico com seus anfitriões na África, indicam-nos que ainda há sinais de vida inteligente entre nós. Se o chauvinismo barato de Galvão & Cia parece estar em baixa e até Lulinha Paz & Amor já sugeriu à CBF que realize eleições de 8 em 8 anos, é bom que os donos da pelota não se esqueçam de que toda moeda possui o seu reverso – a contraface inelutável do (vil) metal.

Luiz Ricardo Leitão é escritor e professor adjunto da UERJ. Doutor em Estudos Literários pela Universidade de La Habana, é autor de Noel Rosa: Poeta da Vila, Cronista do Brasil (lançado em 2009 pela Expressão Popular).

quarta-feira, 7 de julho de 2010

BRINCANDO DE DEMOCRACIA

Por Igor Ojeda

Só mesmo Hillary Clinton e a grande mídia internacional e nacional acreditam que o golpe de Estado em Honduras acabou e que, agora, a democracia no país centro-americano reina novamente. Na verdade, não acreditam: tanto a secretária de Estado dos EUA quanto a imprensa hegemônica sabem muito bem o que acontece por lá. Mas preferem fazer de conta que não é com eles.

E o que acontece por lá? O mesmo desde 28 de junho de 2009, quando o presidente constitucional Manuel Zelaya foi deposto. Ou seja, o terrorismo de Estado contra os opositores ao golpe continua prevalecendo. Mas, para Hillary, assassinatos, torturas e detenções ilegais não são motivos suficientes para a Organização dos Estados Americanos (OEA) não aceitar Honduras de volta, como ela prega há meses, com o argumento de que as eleições gerais de novembro restabeleceram a democracia no país.

Com ou sem democracia, o fato é que, passado um ano, os setores golpistas são os grandes vencedores desse imbróglio que envolveu diversos países do continente, especialmente o Brasil e sua embaixada em Honduras. Apesar do surgimento da valorosa e heróica Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP) – um dos maiores e mais bem organizados movimentos da história de Honduras –, Manuel Zelaya não retornou ao país, como exigia o Itamaraty, e a classe política, econômica e militar que arquitetou o quartelaço continua sendo a dona do Estado hondurenho.

O gabinete montado pelo atual presidente Porfirio “Pepe” Lobo – ele próprio apoiador do golpe – é composto, em grande parte, por golpistas ou indicados por estes. O Congresso e a Corte Suprema continuam sob controle ferrenho da oligarquia, que mantém forte presença em setores estratégicos, como a Hondutel – estatal hondurenha de telecomunicações, que, hoje, está sob o comando de ninguém menos que Romeo Vásquez Velásquez, ex-chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas quando da deposição de Zelaya – e, principalmente, nos corpos de segurança que dirigem a repressão, sob o pretexto do combate ao crime organizado.

Repressão seletiva
Mas, agora, preocupado com a repercussão internacional em tempos de internet, twitter, iphone e celular com câmera fotográfica e filmadora, o regime golpista decidiu “sofisticar” sua atuação. A repressão ficou mais seletiva: o alvo dos sequestros, prisões e assassinatos são os principais líderes e dirigentes do movimento de resistência ao golpe.

Um comunicado divulgado pela FNRP em 27 de junho deste ano afirma que, desde janeiro, quando Pepe Lobo tomou posse, pelo menos 310 casos de violações de direitos humanos foram denunciados, 21 pessoas foram assassinadas e 53 foram detidas ilegalmente. Os que não sofrem violências físicas, são processados judicialmente.

Por isso mesmo, a saída de cena oficial dos golpistas em janeiro – quando Pepe Lobo tomou posse – revelou-se uma hábil jogada. Além de se livrarem da classificação de “ditadores”, foi uma maneira de “lavar” o golpe e tentar ganhar o reconhecimento internacional para o novo regime. Afinal, a América Latina mudou. Ditaduras e golpes de Estado não são mais tolerados: a democracia está na ordem do dia no continente, mesmo que ela seja apenas formal, não importando se a sociedade como um todo é, de fato, democrática.

Mudou mesmo?
Mas, infelizmente, as coisas não mudaram tanto assim. É verdade que o golpe de junho de 2009 deixou evidente que os EUA já não exercem total controle sobre as ações dos demais países latino-americanos, como ficou explícito na expulsão de Honduras da OEA, na condenação quase unânime ao quartelaço e na própria postura vacilante e contraditória do governo estadunidense em relação ao ocorrido.

No entanto, a ação da oligarquia hondurenha mostrou também que, mesmo sob essa nova realidade vivida pelo continente, não se foi possível reverter uma situação, na teoria, fácil de ser revertida, dada a pouca margem de manobra que tinham os golpistas, no comando de um país de pequenas dimensões e influência geopolítica como Honduras.

Isso se explica, obviamente, pelo apoio dos EUA ao governo de fato. Se, por um lado, a diplomacia estadunidense anunciou a aplicação de tímidas sanções, como o bloqueio de passaportes e contas de alguns golpistas, por outro, insistiu em tratar (especialmente, Hillary Clinton) o assunto como um conflito entre duas partes equivalentes em força e em razão, quando, na verdade, o lado a se tomar era um só.

O golpe deixou claro, também, que a comovente retórica de Obama era nada mais que pura farsa – seja intencional, seja porque ele se vê de mãos atadas, não importa. Dois meses depois de o presidente estadunidense proclamar “novas relações com a América Latina” em Trinidad e Tobago, Manuel Zelaya era deposto com o apoio decisivo da embaixada dos EUA em Honduras e de agências estadunidenses de “apoio à democracia”, como USAID e NED.

Contra-ofensiva reacionária
Numa perspectiva mais pessimista, mas a ser considerada, a consolidação do golpe em Honduras pode significar, ainda, o esboço de uma espécie de contra-ofensiva da direita institucional no continente latino-americano. (Digo “institucional” porque a elite econômica mais “moderna”, como as transnacionais e os bancos, não chegaram a perder muito de seu poder, inclusive sob governos mais radicais, como os de Bolívia e Venezuela que, apesar dos inegáveis avanços, ainda não conseguiram promover grandes rupturas no campo da economia).

Ela já recuperou terreno no Chile, com a vitória eleitoral de Sebastián Piñera sobre a candidatura da Concertação (aqui, não cabe entrar no mérito de quão à esquerda são ou eram alguns governos, como, por exemplo, o de Michelle Bachelet). Na Colômbia, um dos principais responsáveis pela criminosa política de segurança do governo Uribe, o ex-ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, foi eleito com folga em 20 de junho deste ano. Na Venezuela, Hugo Chávez e seu PSUV correm o risco de perder várias cadeiras na Assembleia Nacional, nas eleições legislativas de setembro (o que já aconteceu com o casal Kirchner, em junho do ano passado). E, no Paraguai, os avanços prometidos por Fernando Lugo continuam a ser barrados no parlamento, totalmente dominado pela oligarquia tradicional.

Por isso, o peso do Brasil na conjuntura latino-americana continuará sendo muito importante. Pois, se, por um lado, a política externa do governo Lula trabalha arduamente para abrir mercados nos países da América Latina para a vergonhosa atuação das transnacionais brasileiras (desenvolver e fortalecer um capitalismo brasileiro com inserção mundial parece ser um dos projetos centrais do governo do PT), por outro, a diplomacia do Itamaraty tem sido fundamental para conter determinadas tentativas de desestabilização de governos progressistas na região.


Igor Ojeda é editor de internacional do semanário Brasil de Fato. Entre outubro de 2007 e outubro de 2008, foi correspondente na Bolívia pela mesma publicação.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A taxa do mundo é nossa, com brasileiro, não há quem possa
Por Paulo Kliass

Pois é, mesmo que a seleção dirigida por Dunga não consiga trazer a estrelinha do hexa lá da África do Sul, o fato é que o Brasil continua a ostentar a posição de campeão mundial....da taxa de juros!

A reunião do Conselho de Política Monetária (COPOM), no dia 09 de junho passado, elevou ainda mais a taxa SELIC do Banco Central, de 9,5% para 10,25% ao ano. Com tal decisão, o governo se obriga pagar a mais um valor próximo a R$ 12 bilhões em um ano, correspondente a esse acréscimo de 0,75% na taxa básica de juros da nossa economia. A título de comparação, o total da receita aplicada pelo Programa Bolsa Família, ao longo de 2009, foi de um valor aproximado a esse.

A dívida pública federal superou a marca dos R$1,6 trilhão, valor até muito difícil de imaginar. Com a nova remuneração oferecida ao sistema financeiro para a rolagem dessa dívida, as despesas da União, com juros ao longo dos próximos 12 meses, serão da ordem de R$ 160 bilhões.

Há muitos anos que o Brasil vem mantendo tal “pole position”. Em alguns meses isolados, ao longo de mais de uma década, ocorreu de ter sido subitamente ultrapassado por outros países, como a Turquia. Mas nada que comprometesse sua liderança definitiva.

Existem vários fatores que podem ser utilizados para explicar mais essa jabuticaba tupiniquim. A questão é bastante complexa para ser esgotada em um espaço reduzido como esse. Mas vamos buscar entender alguns aspectos.
O processo crescente de financeirização da economia faz com que as atividades agrícolas, industriais e de serviços se subordinem à lógica e à dinâmica do setor financeiro. A busca da rentabilidade e do retorno dos investimentos passa a ter a referência da remuneração “mínima” (na verdade, muito alta) oferecida pelo governo para rolagem de seus títulos. Não é à toa que os departamentos financeiros nas empresas ganham importância desproporcional. Muitas delas passam a ter melhores resultados no jogo das finanças do que no seu próprio ramo de atividades. Assim como na época da inflação crônica e elevada, a sociedade brasileira passa a conviver com taxas de juros também muito altas.

A adoção de um modelo de política econômica baseada no rígido regime de metas de inflação, combinado com a política de liberdade cambial, só reforça a tendência à taxa de juros elevada. As autoridades monetárias fazem uma previsão da meta de inflação futura (com base em uma nada transparente pesquisa realizada com os próprios operadores do mercado financeiro) e definem o patamar básico da taxa de juros. O objetivo seria evitar que o nível da atividade econômica pudesse provocar um excesso de demanda superior à oferta, com os tais riscos de retorno da tão temida inflação.

Além disso, o regime de câmbio flutuante e a liberdade total de entrada e saída de capital externo acabam por agravar o quadro da tendência à alta na taxa de juros. Como o financiamento da dívida pública depende bastante dos recursos externos, as nossas autoridades econômicas terminam por elevar o nível de juros para manter atrativa a alternativa para os grandes operadores do mercado financeiro internacional de aplicar seus recursos em títulos no mercado brasileiro. Para completar a tragédia, o ingresso de tais recursos externos especulativos e de curtíssimo prazo provoca uma valorização artificial da nossa taxa de câmbio, prejudicando as exportações brasileiras e causando uma perigosa deterioração nas contas externas, que já apresenta resultados deficitários preocupantes.

As taxas de juros nas principais economias do mundo estão em níveis próximos de zero ou mesmo negativas. É o caso dos EUA, dos países europeus e do Japão, cujas autoridades monetárias baixaram ainda mais as taxas de seus Bancos Centrais para estimular a saída da recessão. E mesmo os países que não foram tão afetados pela crise, como China e Índia, apresentam taxas bem abaixo da brasileira.

Uma das alternativas para escapar dessa verdadeira armadilha montada para manter as taxas juros em níveis tão altos seria o estabelecimento de maior controle na chamada conta de capital. Com isso, o governo estabeleceria critérios e condições para entrada de recursos externos. A primeira medida seria dar tratamento diferenciado para o investimento direto e produtivo, face ao recurso puramente especulativo da esfera financeira. Uma outra medida seria estabelecer regras distintas, de acordo com o tempo definido para a permanência do recurso em nosso País. Assim, o dinheiro especulativo de curto prazo seria submetido a impostos, para reduzir o grau de dependência da ciranda financeira que só prejudica nossa economia. Já os investimentos que pretendem ingressar para a atividade real, comprometendo-se com projetos de médio e longo prazos, não seriam onerados por tal tributação.

Paulo Kliass é doutor em economia pela Universidade de Paris 10 e integrante da carreira Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, do governo federal.
Texto retirado da revista “Caros Amigos”, edição CORREIO CAROS AMIGOS, do dia 18 de junho de 10.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Pensar, pensar
Junho 18, 2010 por Fundação José Saramago
Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma.

Revista do Expresso, Portugal (entrevista), 11 de Outubro de 2008

Com estas palavras, retiradas do blog do escritor português José Saramago, presto-lhe homenagem hoje, dia de sua morte.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A vida ainda não foi sintetizada, mas pode ser no futuro. E agora, José?

Por Renato Pompeu

Uma bactéria que vale 40 milhões de dólares. Esse foi o custo do trabalho de vinte cientistas americanos, comandados por Craig Venter, durante mais de dez anos, para produzir a partir de substâncias químicas, artificialmente, um cromossomo de 400 genes, semelhantes a uma parte do cromossomo de 500 genes de uma bactéria, e para inserir esse cromossomo no citoplasma de outra bactéria, de espécie ligeiramente diferente e da qual havia sido retirado seu cromossomo original. A bactéria que recebeu o “enxerto” passou a viver e se replicar normalmente, e a produzir proteína.

Isso é um passo significativo rumo à criação de vida artificial, mas ainda não é vida sintética. Para isso seria necessário produzir todo um ser vivo a partir de substâncias químicas, e não apenas um cromossomo.

O próprio Vaticano, o maior inimigo da criação artificial de vida, chegou oficialmente à conclusão de que a sintetização da vida não ocorreu, depois de um momento de dúvida inicial. Não há dúvida, porém, que foi dado um passo significativo e de que se deve concordar não só com o Vaticano como com o presidente Obama: ambos disseram que é preciso regulamentar essas pesquisas, mas a dúvida é se elas não vão ser reguladas pelo mercado, inclusive o mercado clandestino de armas biológicas.

Venter e seus colegas estão trabalhando há décadas num projeto de transformar bactérias em microfábricas capazes de produzir substâncias úteis aos seres humanos. Em 1996, a equipe conseguiu sequenciar o genoma mais simples que existe de um ser vivo autônomo, o cromossomo de “apenas” 600 mil bases da bactéria Mycoplasma genitalium, de 500 genes. No começo de 2003, a equipe anunciou que 100 genes poderiam ser retirados sem prejuízos, com a bactéria mantendo seu fenótipo. Em 2007, novo passo: a equipe demonstrou que era possível transferir o genoma natural de uma bactéria para outra bactéria da qual havia sido retirado o genoma natural original. Em 2008, anunciaram que podiam sintetizar genomas.

Então chegaram a um impasse. A M. genitalium cresce tão lentamente que cada mínimo passo do complexo processo podia durar semanas. Então, repetiram todo o processo, desde o sequenciamento, com a M. mycoides, cujo cromossomo tem um milhão de bases. No ano passado, conseguiram transferir um cromossomo natural de M. mycoides para uma bactéria M. capricolum, bastante semelhante à M. mycoides.

O próximo passo era sintetizar um cromossomo de M. mycoides e inseri-lo numa M. capricolum. Isso foi feito há alguns meses, mas não redundou numa “nova” bactéria. Havia ocorrido algum erro. Os cientistas continuaram fazendo experimentos, até que, pouco mais de um mês atrás, tudo deu certo. Então o mundo recebeu a notícia, a 20 de maio. A técnica é considerada complicada demais para ser usada por bioterroristas – mas cautela e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém, como diziam os antigos.

Renato Pompeu é jornalista e editor especial da Caros Amigos

sexta-feira, 28 de maio de 2010

2º Torneio de Xadrez 2010

Foi realizado no dia 22 de maio de 2010, sábado, a partir das 8:30, o segundo torneio aberto de xadrez do colégio, nas dependências do mesmo.
O evento contou com a participação de alunos de PROJETO XADREZ, coordenado por mim, e outros alunos praticantes do esporte, além do Professor Wellington.
Ao final, sagrou-se campeão o aluno Talisson, do 3º C, Ensino Médio matutino, com 5 pontos, desbancando o campeão do primeito torneio, Gabriel.
Outro torneio está programado para acontecer neste sábado próximo, dia 29 de maio, às 8:30. Você, que é praticante, venha e participe. É nosso convidado.
Até a próxima.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Apreciação musical


Paulinho da Vilola

               A obra de Paulinho da Viola se encontra entre oas maiores da historia da MPB, e ainda hámuito chão pela freente, mas há em sua carreira uma façanha puco ou quase nada lembrada por todos, que é o lançamento da Velha Guarda da Portela em 1970.
                Começou sua carreira lá pelos anos de 1960, quando manteve contato com grandes nomes da MPB. Compositor de grandes sambas, é carioca e mora no Rio de Janeiro.


                                                                        Professor   Daniel Cardoso

terça-feira, 6 de abril de 2010

Apreciação musical e educação dos ouvidos

O Gospel

                   O gospel é a mãe de toda a música negra americana- Jazz, Blues, Funk, Soul, Rhythm and Blues, Rap - e influencia decissiva no Rock e até no Country. Das igrejas do sul dos Estados Unidos o gospel se espalhou por todo o país e nunca mais parou de crescer e de se transformar, gerando novas formas musicais populares e conquistando sempre mais audiência entre gente de todas as classes e gerações, de todoas as religiões - tocadas pela emoção da fé, pela alegria de cantar e celebrar. Gente que gosta de gospel e faz dele expressão de espiritualidade em uma de suas mais fundamentais e refinadas formas - a alegria de estar vivo. E cantando.
                    Pelas igrejas seus coros passaram - e continuam pasasndo - os maioes e melhores intérpretes afro-americanos dos mais diverssos estilos e gerações. O gospel se mitura ao Funk, ao , Soul, ao Rock, ao Rap,ao Dance se renova e se reinventa no inuverso pop, se afirma e e confirma como a melhor escola de canto popular americano.
                   A Nount Moriah, no Harlem, é uma igraja pequena e modesta, cria de gente calorosa e simpatica e de uma riqueza musical que provoca intensa emoção mesmo entre os mais experimentados profissionais musicais, mesmo entre os mais convictos ateus.

                                                          Professor Daniel Cardoso
Informativo sobre o projeto xadrez


                Foi realizado no último sábado do mês de março, 27, o primeiro torneio interno aberto de xadrez. Alunos dos turnos matutino e vespertino, do ensino fundamental e do Ensino Médio.
              O torneio aconteceu nas dependencias do Colegio Estadual José alves de assis. Teve inicio às 8:30 horas e serviu como parte dos preparativos d equipe que irá representar o colégio nas Olimpiedas Escolares 2010.
             O aluno Gabriel Barbosa de Oliveira se destacou e acabou sagrando-se campeão deste primeiro torneio.
Fique atento e participe dos próximos torneios mostre sua força e capacidade. Eles são abertos a todos os alunos e alunas do colégio


                                                           Professor  Daniel cardoso Ribeiro

terça-feira, 30 de março de 2010

Otavio Scapim
               Nascido no Rio de Janeiro, radicado em Goiás é um jovem compositor, poeta e cantor de grande talento e sensibilidade.
               Suas músicas refletem influências da MPB e suas letras falam poeticamente de coisas do cotidiano e do amor
                                                                              Professor de História
                                                                            Daniel Cardoso Ribeiro

segunda-feira, 22 de março de 2010

Apreciação musical e educação dos ouvidos

        Música com cheiro e gosto de pequi.
É a música regional feita em Goiás. Um Estado que produz muito, muito mais que duplas sertanejas de sucesso. Blues, Rock pesado, MPB, Samba.
        Pádua se destaca neste cenário há muitos anos. Suas músicas valorizam as coisas e a gente de Goiás, seus constumes, crenças e jeito de ser, mas demonstram que ele também está antenado com o que acontece na aldeia globgal.
                                                
                                                                                 Professor Daniel Cardoso Ribeiro
Musica
Educação dos ouvidos
Apreciação musical

       Gosto musical é algo que se forma com educação dos ouvidos. Gostamos daquela que ouvimos mais. Escla é local de aprendizagem.
        A industria cultural e os meios de comunicação de massa não têm interesse na valorização da diversidade cultural. Para eles é mais lucrativo a padronização e a massificação. A enorme variedade de estilos muisicais e a rica produção cultural no Brasil e no mundo não está em sua totalidade, ao alcance de nossos jovens.
        É pape do estado então garantir a preservação, o incentivo, a proteção e a divulgação da riqueza cultural de um povo.  É assim em todos os países. se nossa escola tem este epaço, "projeto mídia", é devido à luta da comunidade. Devemos fazer o melhor uso possivel do equipamente fornecido pelo Estado e do profissional da educação destacado pelo mesmo estado para se responsabilizaar pelo seu uso.
                                                                                           Professor Daniel Cardoso Ribeiro

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Voltas as aulas

No dia primeiro de fevereiro iremos inicias o ano letivo de 2010.
Neste dias faremos uma apresentação de videos de motivação para os nossos alunos e toda a comunidade escolar afim de que possamos iniciar um novo ano com uma proposta que venha promover uma melhor integração entre os membros de nossa comunidade.